Um dispositivo que acaba com a apneia do sono

Um dispositivo que acaba com a apneia do sono (a interrupção ou redução da capacidade respiratória enquanto dorme) e o ressono, feito com impressoras 3D, personalizado e que permite abrir a boca sem alterar as suas funções. Isto é um sucesso alcançado pelos investigadores do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Málaga (UMA), em colaboração com a empresa de ortodontia Ortoplus para a sua divisão OrthoApnea, que tem previsto vendê-lo no final do ano, assim que ultrapassados os ensaios clínicos que serão feitos em Madrid e Barcelona.

OrthoApnea UMA Ortoplus Apnea del Sueño

Juan Antonio Cabrera, que trabalhou com o dispositivo durante três anos com o seu companheiro do departamento de Engenharia Mecânica, Térmica e de Fluidos da UMA, Álex Bataller, explica que a tala desarrolhada “mantém a boca em posição avançada, pelo que evita a relaxação do músculo que ocasiona o colapso das vías aéreas”.

As fórmulas utilizadas agora são uma máscara que bomba o ar a pressão para conseguir o mesmo efeito ou outros dispositivos que se deslocam ao abrir a boca e não estão ajustados para a configuração de cada mandíbula.

No entanto, o dispositivo desenvolvido em Málaga mantém a posição avançada da mandíbula sem mudar ao abrir a boca e é fabricado mediante impressão 3D com materiais biocompativéis.

O desenho de cada tala é feito após um raio-x e á medida do alcance máximo de abertura de cada mandíbula, ponto em que é estabelecido qual a percentagem necessária para permitir a passagem do ar e acabar com a desordem da apneia, que pode ter sérias consequências e um ressonar desconfortável.

O material utilizado é biocombustível e permite o seu contacto com a boca, mas ainda fica aberta a pesquisa sobre quais outros tipos de componentes podem ser compatíveis para fabricação em impressoras.

Este estudo, titulado Cam synthesis applied to the design of a customized mandibular advancement device for the treatment of obstructive sleep apnea e publicado na revista Mechanism and Machine Theory, combina os dados morfológicos das mandíbulas com uma análise cinemática dos movimentos da boca durante o sonho.

“Dados como as medidas do avanço ou retrocesso da mandíbula com a boca fechada respectivamente, ou bem qual é a abertura máxima da boca resultam indispensáveis para poder desenvolver um dispositivo eficaz e com garantias”, explica à Fundação Descobre o pesquisador da Universidade de Málaga Alex Bataller, um dos responsáveis por este trabalho.

“Esta tala incorpora duas cames com perfil sob medida para cada doente, em vez de cames com perfil reto, como fazem as convencionais, porque desta forma é garantido a mobilidade dirigida da mandíbula”, acrescenta este pesquisador. Segundo Bataller, com a incorporação destes elementos evita-se a sensação de afogo, um dos principais efeitos dos sistemas que existem no mercado.
A impressão em 3D permite reproduzir com total exatidão as dimensões e características da cada mandíbula para fazer uma tala única. “Esta tecnologia permite obter uma réplica exata do que procuramos, bem como aproveitar a matéria-prima sem quase gerar detritos. Com tudo isso, dá-nos também a oportunidade de inovar sem interromper a produção”, diz o Juan Cabrera, co-autor desta investigação.

A investigação de novos compostos pretende desenvolver um dispositivo que não apresente deterioração em pouco tempo de utilização, segundo explica Cabrera. “Estamos a experimentar com outros materiais sintéticos ou de origem orgânica diferente ao plástico que tenha uma vida útil maior e que estejam isentos de perigos ao ser implantados, ou ao entrar em contacto com tecidos vivos, neste caso, a boca”, aponta.

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